Bem vindo a Uma vida...na estrada


Uma vida... na estrada.
reflexões, historias, acontecimentos, desabafos; uma vida!

uma vida...
por vezes ate pensada como perdida;
mas sempre vivida!!
se bem aproveitada ou não;
isso já é outra discussão!!
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. Digam o que disserem!!! Sou como sou; não como querem que eu seja!!!.-.

domingo, 5 de abril de 2009

Sem apetite

Pois é, ontem não me apeteceu nem ler blogues nem comentar nem muito menos escrever aqui.
Senti-me nostálgico, deu-me até para tentar lembrar o número exacto de viaturas á escala que tinha na altura em que era um ser sem preocupações a não ser, evitar ser apanhado nas asneiras que fazia pra não sofrer castigo...
Coisa que não me valia de muito, educado no "campo" apanhava quando era a minha vez, apanhava também na vez do meu irmão (apesar de que ele nunca me agradeceu isso) e por vezes apanhava só porque tinha sido visto com um dos vizinhos, e ele teria feito algo!
Na verdade, confesso mesmo, era rebelde, muito mesmo, lembro-me que uma vez a jogar á bola com os vizinhos parti um vidro de uma das janelas da casa do Sr Professor, conclusão, o homem veio ver e eu fui o único que tinha ficado ali, a bola era minha, foi falar com a minha mãe, apanhei... não gostei, tinha sido uma falha, não de propósito, mas pronto, como rebelde que era, uma pitada de vingança duas noites depois parti mais 3 vidros á pedrada, nunca ninguém soube quem foi, mas por certo que muitos desconfiavam do que se teria passado... hà cerca de um ano á conversa com a filha ela disse que me tinha visto, mas guardou segredo!
Conclusão ... fiz, apanhei, sofri, vinguei-me, cresci, e hoje vejo.
Hoje vejo que há pelo menos 3 vezes mais crianças na mesma rua, se na altura éramos uns dez que diáriamente brincavamos na rua e a única coisa que tinhamos de ter atenção era com os tractores, e estes faziam muito barulho ao aproximar, jogávamos á bola, á ciruma, á cabra cega e ao esconde esconde, tinhamos centenas de bons locais para servir de esconderijo! Jogos que demoravam por vezes toda a tarde de domingo, jogos grátis, com muita concorrência, porrada de vez em quando, mais uns trambolhões no alcatrão, ainda tenho cicatrizes para atestar isso, mas mesmo assim uma amizade que ainda hoje dura, apesar de já nenhum de nós viver naquela rua, uns emigrados, outros imigrantes nenhum lá resta, apenas a recordação.
mas como dizia antes, hoje vivem lá muito mais ciranças e não se vê uma a brincar na rua, onde antes apenas estacionava um carro hoje em dia não tem espaço para mais nenhum.
Mas penso que não seja essa a razão de não se brincar na rua, acho eu, na minha ignorância, além das playstations, PSP's pc's e outras coisas acho que falta mais;
acho que falta o relacionar-se com os outros, o interagir com os vizinhos, futuros amigos ou não, acaba por perder-se no tempo o sentido de amizade e de cumplicidade que mais tarde fará parte do carácter de um adulto.
Resumindo um turbilhão de pensamentos e notas perdidas nos mesmos, acho que estamos a perder uma das qualidades que nos fez vencer muitas adversidades ao longo dos tempos, leia-se séculos, as pessoas vivem em prédios com cada vez mais vizinhos, mas com muito mais isolamento do que quando viviam no meio do monte a km's do vizinho... e não penso que seja um problema das cidades, eu venho da aldeia e lá passasse exactamente o mesmo ou talvez pior, com a mania de quererem imitar os citadinos..
tenho pena, mas hoje em dia não se é criança, apenas um ser protegido de todos os "males" do mundo moderno, excepto da solidão...
Hoje assim penso, um dia que seja pai não sei como pensarei, mas de uma coisa tenho a certeza, quero educar um filho como eu fui educado, com o valor da amizade, com os joelhos esmurrados sem medo de infeções, com uma cicatriz na testa para relembrar uma queda, com um dente partido devido a um murro bem assente do que se tornou depois num grande amigo!

Boa semana, boas viagens!!

9 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Todos temos um pouco de rebelde dentro de nós. Mas acho que te ficaria bem pagar os vidros ao Sr. Professor... ;)

Abraço!

AmSilva® disse...

rafeiro perfumado
Depois destes anos todos?!?!
Já imaginaste o que ia pagar só em juros?!?!?
Abraço

Vanessa Lourenço disse...

As minhas ricas perninhas cheias de marquinhas...provas de criança, provas da minha infância e não só, que ainda ontem mandei um tralho, hahaha...nostalgia...=), um beijo.***

AmSilva® disse...

Vanessa Lourenço
Isso até fica assim com falta de jeito, uma dama com pernas esmurradas... é mais coisa de crianços, mas também acontece!!!
beijo

Rafeiro Perfumado disse...

Mas recuperavas em paz de espírito! ;)

AmSilva® disse...

Rafeiro Perfumado
Mas eu tenho paz de espírito
aliás, apesar de ter sido uma "vingança" o acto, ainda o vejo como uma rebeldia!
Abraço

Vanessa Lourenço disse...

Futebol...diz-te alguma coisa?...é que eu joguei...muitoooooooo!!!!!***

Joni disse...

Bem, hoje a sociedade é completamente diferente, assim como o são os valores que regem as atitudes dos jovens.
Lembro-me de, na minha aldeia, construirmos uma cabana num bosque de verdes mimosas e escondermos isso de todos porque era o nosso segredo. Não raras vezes participei no "roubo do leite escolar" que se encontrava num alpendre protegido com umas grades. Bastava arranjarmos um gancho e arrastarmos as caixas até às grades que serviam de porta.
Fugi com os meus colegas da primária para a serra e pusemos meia aldeia atrás de nós.
Andei à pedrada com os outros comparsas e parti a a cabeça, mas são essas cicatrizes que me trazem inesqueciveís memórias desses tempos idos.
Seja como for ajudavamos os pais nos campos. Eramos uma malta com bom coração.
Hoje fico triste porque na minha aldeia os filhos já não vão para o campo com os pais nem brincam na rua. Entertem-se em casa com o telemóvel e com as PlayStation.
Nas cidades nasceu a geração dos traumatizados: o professor berra ficam traumatizados, a mãe não lhe compra o telemóvel de ultima geração é um trauma profundo; acaba-se uma relação têm que tomar antidepressivos. Nas escolas mandam-se os alunos a monte para o psicólogo.
É por isso que tenho orgulho na nossa geração. Apesar de tudo preparamo-nos para a vida porque não tivemos as facilidades que agora reinam na nossa juventude.
Desculpa ter-me alongado mas isto toca-me cá no fundo.
Abraço e boas viagens

AmSilva® disse...

Vanessa Lourenço
Isso é aquela coisa onde andam 22 doidos a correr atrás de um bola e mais três a atrapalhar?!?!?
beijo

Joni
Apenas assino por baixo acerca de tudo quantos escreveste!
é a triste realidade!
Abraço